Blog do escritor Ferréz


O príncipe sombrio (Ferréz)

O príncipe sombrio dos desenhos animados, criou o rato americano e a ninhada pra alegrar soldados, 25 anos de estreita colaboração, o criador do Mickey ajudava o FBI na acusação.
Os filhos do Brasil assistem Mickey e acham que está tudo limpo por aqui, o sonho em traços pra pobre iludir. Assim fica fácil dar credibilidade ao evangélico, que diz que os desenhos da Disney são representações do diabo.
No papel de informante oficial de Hollywood ele se destacou. Walt Disney o criador, é o verdadeiro rato morô?
Sua função era delatar comunistas judeus e subversivos, também gostava de promover trabalho forçado para crianças, fora as punições físicas que no fundo era o que o mantinha vivo.
Você lendo vai descobrir, que o criador do Tio Patinhas era fundamentalista, por isso o desenho americano promove carnificina.
O mundo gira, gira e gira de novo, o povo massacrado, massacra e promove a opressão de outro povo, por isso Galisteu viaja pro mundo temático, do velho criador de rato safado e no reino encantado, diz que agente tem que parar de preconceito e ir pra Disney no feriado. Ela não entende que os pais reais desse país fazem fila na porta do Habib´s. Que o pai trabalhador e honesto, que nunca dormiu com piloto de fórmula 1, nem com jogador de futebol, conta moeda no bolso pra comprar duas esfihas pro filho poder brincar no barco Vicking.
A elite paulista faz ponte com a Disney, que está no sonho da menina sempre triste, que não vê a branca de neve nem a cinderela, que não tem água encanada, nem comida na panela.
A menina favelada, não mora em condomínio, não conhece Sucrilhos, não tem um belo vestido, nem cabelo liso, nem nariz fino, no máximo o olho africano encanta o menino.
No futuro, já com 4 filhos, não tem a maçã do amor, mas vai tomar chumbinho pra parar a dor.
O que você pode fazer, não adianta abaixar a cabeça e chorar, enviar carta contra o funk pro procom, pra sua filha não desandar.
Os olhos de Glauco Matoso não estão perdendo nada nesse país que cabe num soneto.
Não temo mais que se preocupar com o monstro favelado, ele não é mais destaque comparado ao empresário que comandava a pedofilia do condomínio fechado.
Sereno faz sua pele brilhar a noite, ilumina sua blusa voltando do rolê, virou uma cópia de americano mal tirada, uma Xerox mal feita, fracassada. A frase de Malcon X bordada, parece até piada, quando o dono do morro fuzila 2 de madrugada.
O conselho pro moleque devia ser: Quebrar a cara de gambé folgado comigo cês num acha nada , sou terrorista e não bandido, não vou beber nem fumar, foda-se a esquadrilha da fumaça.
Mas nosso povo assina qualquer artigo para não tomar tapa na cara, para não ser queimado com cigarro, nem levar choque no DP.
Bebe qualquer cerveja imitando a propaganda com o apresentador cercado de mulher na praia, quando na verdade é cercado por córrego voltando do role de madrugada.
A caminhada só continua boa pro sistema, enquanto agente estiver na fila da esperança, colhendo um futuro que não ajudamos a planejar, enquanto os donos do poder, não param de lucrar.
Ferréz é escritor e jura que nunca comprou um gibi do Mickey.

5 comentários:

. disse...

È foda mano. Domingo tava com a minha mina num supermercado estrangeiro, adivinha onde ela parou? Bem na frente da coleção do Mickey! Tinha prometido comprar um presente pra ela de fim de ano, resultado: blusinha do mickey de quinze conto.
È foda mano, ter que falar não pra mina, que tá começando a se ligar agora nas coisas, por quê eu to dando uns toques pra ela.
O importante é a gente fazer a nossa parte na conscientização, se ela vai querer consumir isso daqui pra frente, vai da consciência dela.
O pior é que vários moleque se ilude também com essas paradas, e os filhos dos boys consomem feito praga.

A realidade e o conflito com as nossa idéias as vezes bate de frente com a nossa cara, e o melhor é não culpar quem tem menos a ver com isso. è foda!

cafecomdudu disse...

E eu acredito em você.E também digo que também nunca comprei, mas ler já li e muito,mas a minha preferência sempre foi para a Turma da Mônica. Talvez porque nestas história eu me enxergava nelas. Já lá as histórias tinha outros contextos os dos interesses estadosunidenses.
O amanhã vai ser melhor. É o rap que meu grande amigo Nelsentimentum lançou agora estes dias. Mas sei lá não acredito muito nesta frase eu acho ela meio religiosa e voltada ao cristianismo. Pois fazem 26 anos que espero o amanhã melhor e já não consigo enxergar o melhor. Perdi a esperança o sistema capitalista está massacrando e cara é fazer o contra-ataque urgente. A esperança já foi pra outro lugar aqui neste mundo nunca apareceu.

Robson Assis disse...

e os irmãos metralha estouram mansões! Ótimo texto.

Se liga no artigo do dia 01/12/2008, já deve ter visto.
http://ultimamoda.folha.blog.uol.com.br/

Preza.
Abraço!

Unknown disse...

Primeiramente parabeniza-lo pelo seu trampo ferréz que admiro a alguns anos.Meu comentário não é bem especificamente sobre acontecimento que ocorreu aí na zona sul, e sim dizer com firmeza e agradecer a todos que se preocupam a levar informação e atitude para todo nosso povo.Sou mais (1) que graças a projetos e atitude como o seus fazem o resgate de todos os manos sem minimo perpectiva do futuro.Foi cumprindo o L.A (liberdade assitida) parei para pensar nas letras do facção central e refletir qual era o objetivo,porque se eu ouvia o rap qual era mensagen que tentavam me transmitir, passei a entender que era da revolução através da informação no album (direto do campo de exterminio) passei a acompanhar a seu trabalho sua ideologia e lembrar da mensagem que você deixou na ultima faixa do cd.Na época tinha 14 hoje com 19anos, admiro todos os manos que fazem esse resgate da nossa periferia contra esse sistema capitalista e selvagem.Valeu memo e muito obrigado....espero conhece-lo pessoalmente ferréz e o eduardo do fc que admiro a mille_anos (cada vez mais a periferia ganha força para lutar, e exemplo para se espelhar) essa é minha mensagen valeu memo.

Fernando disse...

O que VOCÊ não entende, meu caro, é que a razão de todo esse triste "legado" do pobre pai de família brasileiro contando suas moedas também reside na incapacidade de se enxergar que já esgotou há muito esta retórica baixa e covarde de culpar o "malvado capitalismo estadunidense" pelas nossas mazelas.