Blog do escritor Ferréz

Será que a crítica morreu?

Esses dias tava pensando, pra falar a verdade estou pensando nesse domingo, muitos sites ou reportagens estão simplesmente copiando o que todo mundo diz, e cade o lado critico?
a mídia convencional já faz isso, clipa as noticias e as distribui. e agora somos igual.
falo isso porque o Hip-hop e a nossa literatura sempre tem uma postura diferenciada do resto do povão, ou não?
ultimamente não, muita gente aceita tudo que vai rolar, como se fosse natural, e criticar virou um defeito. acho que é um defeito quando vc só critica e não faz nada, mas se faz meu nêgo então pau no gato.
me perdoem, mas desconfio de muita coisa, todo mundo tá correndo pelo seu e isso é um fato, mas tem umas atitudes em que a favela, ou nossa periferia, ou a comunidade, seja como você a chama, está em ultimo plano.
até quando um documentário que vai passar hoje em rede nacional nos ajuda? alguém já pensou nisso hoje?
até quando a denúncia dá vida e legitima a atitude violenta de alguém?
acho que denunciar, é o que sempre fizemos, mas também com muita arte e senso positivo, lutando para um dia isso mudar.
retratar o caos puro e simplesmente não é revolução.
a nossa revolução é querer mudar, querer de verdade mudar.
sem essas de capitalizar no caos que é o que muita gente tá fazendo, e pensando que agente tá dormindo, pensando que estamos de chapéu.
graças ao meu pequeno dom, ganho meu $ honestamente, vendo roupas, vendo livros, vendo minhas palestras, falo da minha comunidade e do meu processo criativo.
mas nunca comercializei o gueto.
o que está a venda é meu trabalho, não eu.
ou eu não podia estar com uma loja da 1dasul em cada quebrada? e até na galeria? mas isso nunca foi meu foco, eu quero meu pessoal usando meus artigos, a revolução é aqui, pra quem precisa dela.
não sou santo no bagulho, tenho os defeitos e muitos por sinal, mas vamos deixar claro um barato tiozão, num vem jogar arroz em falso casamento que ai é substimar demais a rapaziada da favela.
só quero dizer, que temos que refletir, tantos meninos tiveram que morrer, para alguém vender mais cds, documentários, livros, é isso? simplismente isso?
e a mudança? falar sobre gravidez precosse, sobre o uso de drogas, montar uma campanha real para nossos meninos e meninas desvalorizados?
não podemos só mostrar a consequência, temos que mostrar a causa.
nem tudo que você vê é nossa cultura, não somos antropófagos.
arte pela arte não.
pensa nisso, e não me fale por favor de discurso hiphopista, que isso já deu no saco, somos o anti sistema caralho, ou não?
só isso.
Ferréz

12 comentários:

Anônimo disse...

Ferréz, seu e-mail é ferrez1@ig.com.br, certo? Te mandei uma mensagem importante sobre um trabalho, aguardo respostas.

Quanto ao post, não creio que a crítica morreu. Por mais que o diabo do conformismo fique tentando, há muitas vozes denunciando as falácias que pouca gente nota. E é preciso esclarecer cada vez mais cabeças, afim de desmascarar tanta mentira e idéias moderadas que nos são vomitadas freneticamente.

Abraços.

Anônimo disse...

É claro que existe todo um processo sobre isso. Divulgação é algo útil em relação aos "mal informados" de como as "coisas" funcionam, mas também não podemos deixar de lado que isto está sendo relatado por uma mídia hipócrita e sensacionalista.

Eu vi este documentário também, nada de diferente de outras matérias que eu já tenha visto (ou coisas que ja presencei), afinal também sou do gueto, porém não vou ficar com uma demagogia barata e nem pagar uma de coitado em relação a isso.

Bom senso e carater vai de cada um, somos egocêntricos e egoístas por natureza humana (sempre seremos "programados" desta forma), afinal...se eu não olhar o meu lado, quem vai olhar por mim? ´(infelizmente é o que todo mundo pensa sobre si)

Você chegou a ir na Bienal Ferrez? fui lá ontem, mas tinha muito livro caro...afffffff...apesar que comprei alguns.

Reparei em outro post seu que você estava lendo Alan Moore, putz o cara é phoda diz aê? a Voz do Fogo é dukaralhu sem contar suas obras em quadrinhos (Watchman é uma das maiores obras primas dos HQs)

Sem contar que estes dias dias estava lá no centrão tomando uma breja com um amigo e na mesa ao lado estavam 3 amigos, começamos a bater papo com o pessoal e um deles disse que se chamava Aurélio Lima, e falou que é de lá do Capão também (disse que é seu amigo), comentou sobre a rádio comunitária dele (Sociedade FM 92,3 MHz) as informações estão corretas?(não sei se vc vai responder, mas em todo caso eu estou procurando confirmar) Achei ele muito firmeza e o cara é inteligente pra Caralho.

Putz, escrevi demais...rs, foi mal aê Ferréz

Falow Até mais

Anônimo disse...

Só + uma coisinha

Bom, não havia lido sobre a sua visita a Bienal...rs...Pule esta parte...hehehe

falow, fui

Anônimo disse...

A intenção da emissora em exibir o documentário não foi o de conscientizar o povo da guerra civil em que vivemos nas principais capitais do país ou mostrar para a sociedade brasileira as causas da mesma, mas sim usar como trunfo, num período de vacas magras onde as outras emissoras ameaçam a hegemonia da emissora carioca, e poder posar mais uma vez como "revolucionária". Percebe-se que a crítica morreu quando após a exibição do documentário não foi realizada discussão alguma para, com os elementos trazidos pelo que foi visto, tentar jogar luz para quais seriam as causas daquele problema. Ficou, como sempre, a denúncia pela denúncia.

Anônimo disse...

fala ferrez,
tudo bom?

queria te entrevistar, dessa vez sem o compromisso que havia com editora, jornal etc.. é você falando sobre o que quiser e é pra uma parada que só existe na internet, sem patrocinador, jornal, revista nenhuma na parada. mas é lido.

www.revistabala.com.br

se quiser, faço feliz:

giannetti@gmail.com [tenho teu tel mas não vou ficar te aloprando via fone. se estiver na pilha, reply!]

obrigada.

Anônimo disse...

fala ferrez,
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Anônimo disse...

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tudo bom?

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www.revistabala.com.br

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giannetti@gmail.com

[tenho teu tel mas não vou ficar te aloprando via fone. se estiver na pilha, reply!]

obrigada.

Anônimo disse...

Há bastante tempo acompanho seu trabalho, portanto sei que você fala com muito conhecimento de causa. É sempre bom questionar as "unanimidades"

Anônimo disse...

entendo perfeitamente sua preocupação. quando assisti ao documentário, pelo fantástico, não pude deixar de ter uma sensação muito esquisita. e fantástico combina com crítica? sei lá... engraçado que meu filho de 16 anos teve a mesma sensação... é sempre mais perigoso quando nós acreditamos, sem nenhuma reserva, nas palavras ou nas idéias que externamos. é claro que temos idéias e palavras que valem a pena. Mas, todas? E em que contextos? olhar com desconfiança pros nossos projetos pode evitar umas boas ciladas.

Anônimo disse...

Ferrez, olá!

Acabo de ler seu texto, publicado na Folha de S. Paulo. Mais uma vez, obrigada por dizer as coisas que diz. Continuo te admirando muito.Quem sabe um dia você não volta a Piracicaba para nos dizer essas coisas que valem a pena serem ouvidas.
Professora Neusa Medrado
Piracicaba- SP

Anônimo disse...

Ferréz,
li o texto na Folha de hoje. Concordo com alguns pontos que você coloca, mas discordo de alguns pontos. Ressalto que não tenho nenhum cd do MV Bill e acompanho os Racionais desde 1991.
- O os Racionais (citados no texto) estão fazendo pra mudar a periferia? Não conheço nenhum trabalho deles nesse sentido. O Bill tem a parada da Cufa, que está fazendo umas coisas bem interessantes.
As músicas do rap em sua maioria não falam de crimes, ladrões, assassinatos? Isso não é estigmatizar a perfieria?
Um texto na Folha está a serviço de quem?Tá certo que o alcance é diferente, mas qual o intuito da Folha ao publicar o seu texto? Na minha opinião é colocar periferia X periferia.

Pra mim é muito claro que existam interesses escusos ao exibir o documentário no Fantástico. Mas não acho que o Bill seja o culpado disso. Acho que o documentário cumpre o papel proposto: mostrar parte da vida de quem trabalha no tráfico. Não é papel dele apontar uma solução.

Anônimo disse...

Fala Ferrez, cara me deu náuseas, mais que o documentario no Fantastico com narração do Cid Moreira e tudo, mais que o Bill na
Daslu, foi ver o cara no Faustôa, o ópio dominical da classe média, servindo de purgatorio para os pecadps genocidas da pequena burguesia compungida diante da tela, sentada no sofá da sala ao lado dos filhotes e pensando - eu me comovo com isso, tenho salvação1 Ate quando veremos aqueles que um dia se apresentaram como liderança popular, representantes do gueto, porta-vozes das mazelas da pobreza se renderem tão facilmente ao apelo da mídia e da fama? Cada um de nós tem é que entender que somos agentes desse processo, ocupar o nosso espaço, fazer valer nossas ideias e mandar à merda os falso profetas que só usam o movimento pra se projetar. valeu cara, sei que tu é de outro material. te vejo na Caros amigos e não no fantastico, aquele show de bizarrices da vida.fuiiii!